Os Olhos de Keith

Os olhos podem ser considerados o espelho da alma, podem ser vistos como um portal para a visão do caráter, em seu olhar é refletido seu desejo... Sua ira... Seu medo e até ser revelada a grandiosidade de sua convicção. Com Keith nada disso acontece. Desde presenciar o assassinato de sua mãe ela não teve mais a coragem de abrir suas delicadas pálpebras novamente, seu rosto não aparenta ter vida desde aquela maldita noite de seus 8 anos de idade. A imagem da faca seguida de tanto sangue vive em seus pensamentos a vida toda... A coragem fugira de seu corpo cansado desde o maldito dia em que ela viu sua mãe ser morta, até hoje ela não sabe o motivo de aquilo ter acontecido e por mais que com a vinda da adolescência algumas memórias tenham se perdido, ela jamais poderia esquecer a face de quem matara sua mãe. Desde o ocorrido ela vive com seu pai em uma casa de madeira na qual mora desde sua infância, todo o contato que ela tem com o seu velho é o de fazer as devidas refeições e ouvir o que tem a lhe dizer... Outro detalhe de sua infância que ela jamais poderia esquecer é o de que na semana em que tiraram a vida de sua mãe descobriram a existência de um serial killer de crianças na mesma região, ela se lembra de sua mãe preocupada e extremamente protetora a impedindo de sair de casa e a privando de quaisquer contatos com a comunidade local. Mal sabia ela que quem corria perigo era si própria que seria assassinada poucos dias mais tarde em sua própria casa pelo mesmo, diante de sua filha, sua pequena princesa.
  Desde presenciar a tragédia Keith não tem coragem de abrir seus olhos, as palavras de sua mãe "-Fuja querida!" haviam sido sábias mesmo que ela não tenha opitado por seguir. Jamais poderia esquecer que na noite do crime seu pai estava no serviço e só foi saber do que aconteceu horas depois. Já haviam feito de tudo para que a pequena Keith da época e a mesma agora ja crescida voltasse a abrir seus olhos, mas presenciar aquela triste cena havia sido traumático demais e embora sentisse saudade da beleza do mundo ela sempre voltava a lembrar do ocorrido e sua vontade de ver a luz do dia, ou a escuridão da noite fugia quase tão rápido quanto o tempo que passara desde a situação que havia mudado sua vida. Ela nunca poderia imaginar que viver sem um unico sentido de seu corpo poderia afetar tanto seu modo de viver... Passar a estudar em casa, não ver o que comia, ouvir tudo a sua volta e passar a diferenciar as coisas pelo som foram coisas que ela passou a fazer até o fim de seu sopro vital. Até a hora em que abriu os olhos com uma faca fincada em seu peito e a descoberta de que desde o incidente de anos atrás vivia com o mesmo que matara sua mãe. Sim, o rosto no qual jamais poderia esquecer, aquele no qual havia matado sua mãe, e que sem ela saber havia feito o mesmo com seu pai agora estava a tirar o último vestígio de vida da pobre Keith que depois de anos teve uma lágrima escorrida em seu rosto, sua última reação.

βy: natyh

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