O Sangue é a Fonte ~ Parte Dois


  Depois de matar Ed passei a observar a vida dos demais vampiros que andavam com ele... Queria me vingar de todos àqueles malditos, mas para isso era preciso calma, era preciso matar um por vez. Aliás, eu não queria atrair a atenção da polícia, isso complicaria as coisas para mim.
  Escolhi me livrar do magrelo primeiro, então procurei descobrir algumas coisas sobre ele. Uma delas foi que ele estava apaixonado por uma humana...

  "Oh que lindo aquele amor Crepúsculo..."

  Eu tinha acabado de matar Ed, se não fizesse nada eles iriam atrás dele e descobririam tudo... Então me restou apenas uma opção: virar Ed.
  Observar meu irmão havia servido para alguma coisa, havia descoberto desde a forma que se vestia a suas mais insignificantes manias, como por exemplo, mexer no cabelo.
  Foi fácil enganar a "gangue" à qual ele fazia parte. Eles não desconfiaram que fosse eu, era magnífico fingir ser alguém, nunca havia me sentido tão feliz por ter nascido gêmeo. Dessa forma foi mais fácil me aproximar deles, foi mais fácil observá-los.
  Mas, voltando ao magrelo. Ele amava a garota. O nome dela era Lizzie, era loura, muito bonita, extremamente simpática, e eles estavam juntos. Eu tentava imaginar o que ele fazia para não transmutar ela, mas até hoje não sei.
  Ele não desconfiava de mim, então foi fácil enganá-lo e descobrir até onde sua amada morava. Assim que tive o endereço dela fui até sua casa, a ataquei, a mordi no pescoço e drenei seu sangue.
  Seu sangue era bom, era doce, jamais tinha provado um de tal sabor. Não senti remorso em matá-la, mas também não fiz isso de imediato, deixei ela se transformar  e a decapitei... Pus sua cabeça em uma caixa e a coloquei na minha mochila, me livrei do restante do corpo e segui até o esconderijo do bando.
  Eles não a perceberam na mochila pois seu cheiro não era mais o mesmo, os humanos cheiravam diferente dos vampiros, era como se nossa espécie fosse composta por um vírus... O crânio da garota permaneceu um dia inteiro na mochila, eu queria fazer dele um presente, um presente de mal gosto e extremamente insensível.
  Assim que consegui o material necessário para embrulhar aquela carniça, arranjei uma caixa e coloquei o crânio da garota dentro, empacotei e pus em cima da cama de Dênis, o magrelo, o cara que achava que ser vampiro poderia ser viver aquelas ficções românticas de que a possibilidade de haver felicidade em um amor humano-vampiro não são pequenas.
  Assim que Dênis entrou no quarto pôde ver aquela caixinha detalhada em cima de sua cama, seus olhos brilharam, acredito eu que ele imaginou que fosse um presente dado por Lizzie, mal sabia ele que o presente era ela, e não, dela.
  Aproveitei seu descuido de estar de costas tentando abrir o presente e tranquei a porta. Observei o momento certo em que ele veria do que se tratava, e sua reação não foi nada surpreendente, ele se ajoelhou ao chão chorando, sua face foi lavada por lágrimas de tristeza. Assim que me viu, ficou assustado e iniciamos um diálogo:

_ O que você está fazendo aqui Ed?! -disse limpando o rosto com a manga do casaco.

  Aproveitei que ele ainda achava que eu fosse meu irmão e então respondi com calma:

  _ Estava procurando por você, queria saber se irá a balada hoje...

  _ Como assim? Mas que pergunta cara, você sabe que eu sempre vou! - respondeu um pouco confuso e parecendo desconfiado de algo.

  _ Aé... Como está minha cabeça... - dei uma coçada no cabelo - Desculpe, eu já estou de saída!

  Quando virei as costas e estava prestes   a me retirar ele me chamou:

  _ Ei, espera ai... Você por acaso sabe quem pôs isso em minha cama? - me perguntou levantando a caixa de presente na mão e me olhando seriamente.

  _ Não, o que é isso? - fingi estar curioso indo na direção dele.

  Eu precisava me aproximar dele para que pudesse o matar, cínica e silenciosamente.

  _ Não é nada! - disse ele enquanto largava a caixa na cama - Eu só queria agradecer a quem me mandou o presente, eu adorei.

  Aquelas palavras me chocaram, como poderia ele adorar tal maldade? A forma com a qual falou... Parecia saber, parecia desconfiar, seu olhar era de insanidade, por um instante pude perceber que meu cinismo não era nada comparado ao dele. Parecia que havia tudo dado errado, estava fora do meu controle, aquilo não fazia parte do que eu havia imaginado ocorrer, meu planejamento havia sido em vão.
  Minha ideia de sufocar Dênis  não aconteceria calmamente, teria um preço, se não tivesse seria fácil e, as coisas nunca são fáceis demais.

  _ Posso ver o que é? - perguntei rapidamente a fim de ele não perceber que eu estava assustado.

  _ Por quê? Você sabe não é... - me questionou expressando um olhar intimidador.

  _ Co-como assim? - sem querer gaguejei um pouco, algo decepcionante de se contar, eu estava nervoso.

  _ Você sabe quem me deu isso. - pegou a caixa novamente e deu um leve sorriso.

  _ É claro que não... - neguei.

  _ Sim! VOCÊ SABE ED! - se alterou e agarrou meus ombros com força, me sacudindo rapidamente.

  _ Você tem razão Dênis, eu sei... - fixei meu olhar em seus olhos, eles revelavam tristeza, loucura, e o pior de tudo: morte.

  Assim que percebeu a malícia em meus olhos Dênis começou a me bater, ele me dava de socos, repetia seguidamente a palavra "porquê"... Fazia isso em um tom crescente e os socos cada vez mais agressivos, até que finalmente cansou.

  _ Primeiramente, eu não sou Ed. - falei olhando para Dênis que se encontrava agaixado apenas ouvindo minha voz, ele parecia pensativo.

  _ Depois, eu quero justiça! Vocês me mataram, merecem morrer!! - continuei.

  _ Lizzie... Ela não te fez NAAAAADA! - me respondeu correndo em minha direção.

  Permaneci parado e, com o "abraço" violento de Dênis, a faca que eu segurava em minha mão adentrou o abdômen dele, que cuspiu sangue como em uma tosse. Retirando a lâmina do objeto de dentro do tronco do rapaz, a posicionei e com ela mesma o decapitei.
Sua cabeça deslizou do corpo como em câmera lenta, até cair no chão em um estrondo, lavando o piso de cerâmica do quarto daquele líquido vermelho-rubro ao qual residia certamente um igual no interior de meu coração e em minhas artérias. O segundo desgraçado estava morto.

CONTINUA...


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